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 exposições 

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“Quando as aves voavam… que solidão errante até chegar a ti!”  

Esta exposição  apresenta um conjunto de peças sob um título longo, a solicitar, num primeiro enlace com o fruidor, uma leitura atenta e comprometida. Parte do título vem de uma exposição de 2011, numa espécie de retoma ou recomeço de metáforas essenciais. Aves ou apenas pássaros de silêncio que procuram em nós a nesga de céu para experienciar o voo? 
Metáforas inquietas de tensão, contraditório, deslocamento, dobra, entre o eu e o outro, o ponto de partida e o ponto de chegada, o tempo passado e o tempo presente, o voo e o pouso. 

A esta mostra, podíamos justapor um aforismo do poeta Paul Celan: “Era Primavera, e as árvores voaram para os seus pássaros.” 

O núcleo principal desta exposição é constituído por cinco desenhos de setenta centímetros por um metro; folhas de papel de grande dimensão, onde a artista desenha, pinta, cose ou borda recortes de papel; há colagens de imagens impressas, previamente tratadas digitalmente. O desenho naturaliza-se sobre o suporte, de forma mais convencional, ou materializado com fios vermelhos que ora atam as formas, ora caem soltos… derramados sobre o papel. 
Apesar dos recursos mistos alargados, a composição sobre o campo cenográfico de construção da imagem, mantém uma grande economia estética: atmosferas luminosas levemente coloridas em torno das formas escuras das aves, e das suas sombras projectadas; também a sombra da artista, das flores, das árvores. 
Comum aos cinco desenhos, sobressai a dinâmica compositiva, operada pelo ritmo dos pássaros em voo, pelo diálogo entre eles, pelo efeito positivo/negativo; também pelo corte ou representação parcial das formas, sugerindo a acção de entrada e saída dos elementos do espaço cénico. Há ainda efeitos de transparência e leveza, proporcionados pela mancha pictórica e adição de recortes em papel vegetal.
A linguagem plástica e iconográfica, a manipulação dos materiais e recursos técnicos, concorrem para uma forte narrativa: torrente expressiva, autobiográfica quanto ficcional e que nos traz para dentro do silêncio da linguagem, com todas as suas marcas de debate com o quotidiano; inquieta procura e partilha de afectos, despojos da vida e da morte e outros tantos separadores entre camadas de tempo e (des)construção de memória.

Esta exposição conta ainda com mais três peças que remetem para exposições e séries de trabalho muito mais antigos, onde Guida Ferraz sistematiza uma série de pesquisas e procedimentos; aspectos encetados ainda enquanto estudante do Instituto Superior de Arte e Design da Universidade da Madeira e depois exaustivamente trabalhados e recriados, entre 1996 e 2000, quando integrou o Atelier de Artistas (com espaço de exposições) da Circul´Arte.
É um período de trabalho de conquistas e domínio dos procedimentos técnicos e requisitos materiais exigentes, nomeadamente a utilização de suportes em madeira natural e transformada, fortes colagens/assemblagens, de imagens recortadas criadas por si e de objetos intervencionados, conjugando a tradicional pintura a óleo com a integração de resinas sintéticas. Trabalho oficinal, matérico e propenso à presença impositiva dos meios, mas onde a artista consegue coligir e harmonizar materiais, em quantidade e em singularidade. 

Fase de composições intensas, às quais a artista associa palavras respigadas de jornais e revistas. Escrita que interage de forma poético-visiva, performática e transformadora pelo contacto com os outros elementos icónicos; elementos organizados numa espécie de caixa ou em suportes recortados com formas diversas: uma chávena, um cachimbo, um relógio, uma chave. 
“Quando as aves voavam… que solidão errante até chegar a ti!”, é uma exposição à qual podemos aceder ou experienciar, em síntese, com assento em questões singulares, se bem que indissociáveis: 1- Procura, errância e descoberta; 2- Voo e leveza; 3- Silêncio e solidão; 4- Encontro e afecto, 5- Inquietação e resiliência ou… a teimosia como suporte de vida.

No catálogo da exposição individual de Guida Ferraz, intitulada “QUANDO EU TINHA OLHOS AZUIS”, realizada na Galeria da SRTC, no Funchal, patente de Abril a Maio de 1997, escrevi: “Tão processual, quanto implosiva de si própria, QUANDO EU TINHA OLHOS AZUIS configura-se como a matriz de teimosos recomeços e cultivadas inquietações. “ 

“Quando as aves voavam… que solidão errante até chegar a ti!”, é um teimoso e feliz recomeço.


Teresa M. G. Jardim

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Sistema Circulatório

Martinho Mendes e David Oliveira

 

Esta exposição, intitulada de “Sistema circulatório”, é um projeto que resulta de uma parceria entre um artista visual e um arquiteto, em torno de um tema comum: a paisagem insular. Este tema tem vindo a ser investigado, de forma diversa, por cada um dos intervenientes.

Sistema circulatório é uma exposição que procura refletir, especificamente, acerca do papel da água na paisagem cultural da Madeira, reunindo diferentes representações vinculáveis à sensibilidade de quem habita, cultiva e projeta neste território, e que problematizam, ainda, a procura pelo equilíbrio entre o ser humano, a cultura e o lugar.

Com uma vertente marcadamente educativa, pensada para uma comunidade educativa em particular e os seus diferentes níveis de ensino, esta exposição apela à flexibilidade e cruzamento disciplinar – a Educação Visual e Tecnológica; Educação Visual; História e Geografia de Portugal; Geografia; Ciências Naturais, etc.  

Propõe-se, com este projeto, potenciar a literacia da paisagem, capaz de desenvolver competências no âmbito da observação ativa, da fixação, do registo, da avaliação e da exposição dos diferentes processos e esferas implicadas na definição do conceito de paisagem, e a sua transformação, de modo a garantir o reconhecimento dos impactos que colocam em causa o seu futuro, isto é, o bem-estar das pessoas que nela habitam e constroem um sentido de pertença.

Propõe-se o levantamento de reflexões e discussões sobre a transformação dos sistemas de produção agrícola e energética, como é o caso dos poios/socalcos e das levadas, como forma de reencontro da sua original vocação produtiva, em alternativa ao abandono ou à sua passiva contemplação.

Sem pretender o regresso aos tempos de servidão que outrora dominavam, nem tender para uma visão nostálgica, a construção desta narrativa visual tem como objetivo entender os ritmos dos processos de transformação; estimular o imaginário da paisagem cultural; perspetivar oportunidades; e encontrar ferramentas de representação articuladas e integradas que transcendam os métodos convencionais.

Aqui a paisagem cultural, materializada por sistemas multiseculares como os poios e as levadas, é entendida não só como uma exploração económica dos recursos, mas também como reflexo de uma cultura a preservar, como arquivo da manifestação espacial de uma sociedade e como construção de um imaginário individual e coletivo através da sua representação (cartografia, iconografia, desenho).

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"Norberto Cruz, a caminho de Ezequiel" - Norberto Cruz

A Galeria espaçomar, da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, no Funchal, inaugura no dia 14 de maio, às 12:30, a exposição “Norberto Cruz, a caminho de Ezequiel” do músico, compositor, maestro e diretor artístico Norberto Cruz.

 

Nesta exposição, o artista procura recriar “20 anos depois de uma visão na adolescência sobre um construtor de autómatos que tem uma experiência espiritual única”. Procurando, deste modo, apresentar “todo o caminho que o levou a poder realizar e ver em palco esta história fantástica.” Ezequiel procura trazer em forma de experiência visual toda a experiência e o caminho do artista, evidenciando-se aqui as “linguagens artísticas em perfeita simbiose, para contar o universo emocional da personagem e história.”

 

A música apresentando-se como manifestação artística, expressividade humana para comunicar sentimentos e emoções. Aquilo que tantas vezes não pode ser transmitido de outro modo. Exprimindo o fundamental de nós próprios como seres ensimesmados, nesse lugar um pouco acima do chão. Um jogo poético, visível através dos sons, da matéria inorgânica, desmaterializando, tornando-se desta forma legível, compreensível.

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